A convite da Laura Ramos Lopes, deixo aqui as minhas respostas a esta corrente. Não salvei nenhum menino sub-nutrido nem dei 1$ para a Microsoft doar (já agora, avó e restantes senior citizens: por que razão ainda acreditam nisto?!) mas confesso que me deu bastante gozo. Obrigado!
1. Existe um livro que relerias várias vezes?
Não me imagino a ler o mesmo livro mais que uma vez (a não ser por necessidade). É uma mania que tenho, e já com os filmes é a mesma coisa: sempre que vejo um pela segunda vez imagino que estou a perder outro ainda melhor. Mas como não quero quero “fugir com o rabo à seringa” falo do livro que vou referir na pergunta seguinte: “Cultura”, de Dietrich Schwanitz.
2. Existe algum livro que começaste a ler, paraste, recomeçaste, tentaste e tentaste e nunca conseguiste ler até ao fim?
Claro que há: para além do que já referi, o “Ulisses”, de James Joyce. Ainda vou ganhar esta batalha. Mas há mais: “Introdução ao Direito” (este inspirado pela autora deste convite), de Pinto Bronze. Isto, claro, depois de uma ponderação prudencial de realização concreta orientada por uma prática normativo-decisória, fundamentada por um corpus normativo-decidendo, analitico-prático-fundamentante, ético-sociologicamente constituendo, argumentativo-metodonomologicamente (a sério!) constituído.
3. Se escolhesses um livro para ler no resto da tua vida, qual seria?
Difícil e correndo o risco de soar ridículo: “Livros: Tudo o Que é Preciso Ler”, de Christiane Zschirnt ou outra vez o “Cultura”. E vou conseguir lê-lo, juro.
4. Que livro gostarias de ter lido mas que, por algum motivo, nunca leste?
“100 Anos de Solidão”, de Garcia Marquez, porque nunca o abri e me envergonho disso e “Don Quijote de la Mancha”, de Cervantes, pelos mesmos motivos.
5. Que livro leste cuja “cena final” jamais conseguiste esquecer?
“Meu Pé de Laranja Lima”, de José Mauro de Vasconcellos. A parte em que morre o português e cortam a árvore ao menino deve ser das coisas mais tristes que li até hoje.
6. Tinhas o hábito de ler quando eras criança? Se lias, qual era o tipo de leitura?
Adivinhando os sábios conselhos do nosso Pesidente, a minha família primou desde cedo pelo fomento da produção nacional: assim, cresci rodeado de pérolas da literatura nacional infanto-juvenil, como a colecção “Uma Aventura” (na altura em que Isabel Alçada ainda fazia alguma coisa de jeito pela educação), Triângulo Jota” e pelos livros da Sophia de Mello Breyner. Não esquecer, claro está, o clássico “Novas Flores Para Crianças”, cujas experiências e truques de magia teimavam em nunca resultar. É fácil perceber por que razão me tornei este ser destruído. Mas também passei os olhos pelos livros da Enid Blyton e pelos “Diários de Adrian Mole” (todos). Estes últimos são facilmente os meus favoritos dessa bonita época. Também pelo facto de ter dois irmãos mais velhos consegui acumular uma biblioteca considerável. Ah, falta “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”.
7. Qual o livro que achaste chato mas ainda assim leste até ao fim? Porquê?
Nunca consigo ler um livro “chato” até ao fim. Mas li a “Aparição”, porque tive. Marcou-me tanto que já nem sei ao certo do que trata, só me lembro da “revelação do eu a si mesmo”, revelada por sua vez pela nossa professora do secundário (a si mesma) em êxtase e de uma criancinha que tocava piano.
8. Indica alguns dos teus livros preferidos.
Esta é boa: vou dizer os que me lembro, numa espécie de salada: “A Triologia de Nova York” e “As loucuras de Brooklin”, de Paul Auster; os que li do Bill Bryson. “1984″ e “O Triunfo dos Porcos”, de Orwell. “O Crepúsculo dos Ídolos” e o “Anti-Cristo”‘ de Nietzsche, bem como o “Górgias”, de Platão (ainda hoje me recordo de muita coisa); “O Exílio e o Reino”, de Camus; “Freakonomics”, de Steven Levitt; a Triologia do “Senhor dos Anéis”; todos os Harry Potter, que são para mim tudo o que um livro infanto-juvenil deve ser; “Diário de um Skinhead” e “Um Ano no Tráfico de Mulheres”, de António Salas, que é completamente maluco. “Como se conta um conto”‘ de Garcia Marquez; “Story”, de Syd Field; todos os que li do Umberto Eco; todos os que li do Eça; “A Parvónia”, de Manuel Bento de Sousa (bastante actual); também gostei de alguns do Michael Moore; iCon, uma biografia não autorizada de Steve Jobs, e porque também sou bairrista: “A Canção de Coimbra em Tempo de Lutas Estudantis”, de Jorge Cravo. Há mais, mas tenho uma memoria terrível e não me consigo lembrar. Ainda assim não leio 1/ 10 do que devia (para ser benevolente). Ah, e também gostei bastante dos livros do Dan Brown, na medida exacta em que gostei de “Rossana e o Jardineiro” e “Desejo e Loucura”, ambos da colecção “Harlequim”, estes últimos sugeridos por uma mulher-a-dias com quem tive um caso.
9. Que livro estás a ler?
“From Those Wonderful Folks Who Gave You Pearl Harbor”, de Jerry Della Femina, bem mais interessante que a série que inspirou (Mad Men) e “A Viagem do Elefante”, de Saramago.
10. Indica dez amigos para responderem a este inquérito.
Não creio ter tantos: vou pela opção mais segura e convido estes meus comensais, que poderão aproveitar para fazer algo que nunca fazem (pergunto-me com quem terão aprendido): escrever aqui no tasco.